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Grande São Paulo fica de fora da primeira fase de flexibilização da quarentena

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Pelo plano de retomada da economia proposto pelo Governo de SP, região do Grande ABC e todas as cidades no entorno da Capital terão de aguardar até 15 de junho 

Considerada zona de risco, a Região Metropolitana de São Paulo, que reúne 38 municípios (incluindo as sete cidades do Grande ABC) seguirá em quarentena até o próximo dia 15 de junho, segundo plano para reabertura de setores da economia apresentado nesta quarta-feira (27) pelo governador João Doria (PSDB). Na Capital, no entanto, a flexibilização já entrará em vigor em 1º de junho.

A explicação está nos índices de ocupação hospitalar e de evolução de casos e leva em conta critérios médicos e epidemiológicos. Com exceção da Capital, todos os municípios da Grande São Paulo e também da Baixada Santista e da região de Registro não terão nenhum tipo de mudança na quarentena (em vigor desde o dia 24 de março) pois nas  três regiões o sistema de saúde está pressionado por altas taxas de ocupação de UTI e pelo avanço de casos confirmados de pacientes com a Covid-19.

De acordo com o planejamento regionalizado de flexibilização do governo paulista, a retomada se dará gradativamente – o Estado foi dividido em 17 regiões classificadas por cores em cinco níveis restritivos de retomada produtiva. “Até o dia 31 de maio, a quarentena em São Paulo vai salvar 65 mil vidas. Abrimos sete hospitais de campanha, aumentamos em 60% o número de leitos em hospitais públicos, já temos 600 novos respiradores em operação”, afirmou o governador.

As normas do Estado autorizam prefeitos a conduzir e fiscalizar a flexibilização de setores segundo as características locais. Os pré-requisitos para a retomada são adesão aos protocolos estaduais de testagem e apresentação de fundamentação científica para liberação das atividades autorizadas no Plano São Paulo.

As cinco fases do programa vão do nível máximo de restrição de atividades não essenciais (vermelho) a etapas identificadas como controle (laranja), flexibilização (amarelo), abertura parcial (verde) e normal controlado (azul). Os municípios do ABC, assim como toda a Grande São Paulo, estão na zona vermelha.

As fases são determinadas pelo acompanhamento semanal da média da taxa de ocupação de leitos de UTI exclusivas para pacientes contaminados pelo novo coronavírus e o número de novas internações no mesmo período. Uma região só poderá passar a uma reclassificação de etapa – com restrição menor ou maior – após 14 dias da fase inicial, mantendo os indicadores de saúde estáveis.

Em todos os 645 municípios, a indústria e a construção civil seguem funcionando normalmente. A interdição total de espaços públicos, teatros, cinemas e eventos que geram aglomerações – festas, shows, campeonatos etc. – permanece por tempo indeterminado. A retomada de aulas presenciais no setor de educação e o retorno da capacidade total das frotas de transportes seguem sem previsão.

Doria ressaltou que o plano foi elaborado por autoridades estaduais em sintonia com especialistas do Centro de Contingência do Coronavírus e do Comitê Econômico Extraordinário.

Fases

Nenhuma das 17 regiões está na zona azul, que prevê a liberação de todas as atividades econômicas segundo protocolos sanitários definidos no Plano São Paulo. A zona verde, segunda mais ampla na escala, também não foi alcançada até o momento e permanece como meta de curto prazo para cada região.

Nas demais fases, haverá flexibilização parcial em diferentes escalas de capacidade e horário de atendimento. A etapa laranja, que abrange a Capital e outras dez regiões no Interior e Litoral Norte, prevê retomada com restrições a comércio de rua, shoppings, escritórios, concessionárias e atividades imobiliárias. Os demais serviços não essenciais continuam fechados.

Na fase amarela, haverá reabertura total de serviços imobiliários, escritórios e concessionárias segundo protocolos sanitários. Comércio de rua, shoppings e salões de beleza, além de bares, restaurantes e similares poderão funcionar com restrições de horário e fluxo de clientes.

As regiões que chegarem à fase verde poderão atenuar as restrições ao funcionamento de todos os setores da fase amarela. Academias de ginástica e centros de prática esportiva também voltarão a receber frequentadores, desde que respeitados limites de redução de atendimento e as regras sanitárias definidas para o setor.

Isolamento

O distanciamento social ainda é a principal recomendação para conter a disseminação do coronavírus. Mesmo com a reabertura há exigência do isolamento social das pessoas de grupos de risco, como maiores de 55 anos, portadores de doenças cardíacas e/ou crônicas e pacientes imunodeprimidos ou em tratamento oncológico.

De acordo com Dimas Covas, que coordena o Centro de Contingência do Coronavírus e dirige o Instituto Butantan, a população ainda precisa encarar o isolamento como meta para permitir que os serviços de saúde continuem com capacidade para atender os pacientes com Covid-19 em enfermarias e UTIs.

“Sem medidas de isolamento, nós chegaríamos a algo em torno de 1 milhão de casos no Estado de São Paulo. Nós estamos com 84 mil neste momento”, afirmou Covas.

Indignados

Em nota divulgada após assembleia geral extraordinária, por meio de videoconferência, o Consórcio Intermunicipal Grande ABC, que representa as sete cidades da região, esclareceu que causou “profunda surpresa e indignação” o comunicado feito pelo Governo do Estado de São Paulo de que a Capital teve uma análise separada do restante da Região Metropolitana na nova fase do plano de retomada econômica.

A nota lembra que o Departamento Regional de Saúde (DRS1), responsável por cuidar do planejamento das ações do setor na Região Metropolitana de São Paulo, é o mesmo que cuida das diretrizes da Capital. O Consórcio irá se certificar do motivo dessa análise separada da cidade de São Paulo e voltará a se reunir na próxima sexta-feira (29), por videoconferência, às 10h, com os prefeitos da região.

(Atualização às 16h30)

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