Algo que já vinha sendo ventilado há um certo tempo em Santo André nesta tarde se confirmou, inclusive por meio de nota oficial da Prefeitura. Ana Paula Peña Dias pediu desligamento da Secretaria de Saúde e, a partir desta quinta (07), não fará mais parte do quadro de secretários da administração municipal.
Na semana passada, a notícia de que Ana Paula havia pedido demissão começou a circular em grupos de WhatsApp de políticos da cidade, informando inclusive que Carlos Bianchin (superintendente da Unidade de Assuntos Institucionais e Comunitários e um dos “homens fortes” do governo) seria o substituto. Procurado pelo blog, ele negou. Outros nomes do governo ouvidos também classificaram a ação como “boato” e “intriga da oposição”. Curiosamente, Bianchin assumirá interinamente “até que o novo secretário seja definido”, cita o comunicado oficial.
Em sua carta de exoneração, Ana Paula alegou razões pessoais – a própria Prefeitura confirmou que ela já havia feito diversos pedidos para deixar o cargo (sempre por motivos particulares e para se dedicar ao seu consultório), mas que o prefeito Paulo Serra (PSDB) sempre tentou mantê-la na equipe. Agora o chefe do Executivo teria entendido ser o melhor momento, pois todo planejamento no qual a secretária esteve engajada foi finalizado.
“É contrariando meu lado gestor que dessa vez aceitei o pedido de exoneração, pois seria injusto prejudicar os projetos particulares dela”, justificou Paulinho. Em carta aberta, o prefeito atribui à Ana Paula, que é médica neurologista, toda a criação do projeto QualiSaúde (de modernização do sistema público da área em Santo André). “Ela planejou as grandes mudanças que implementaremos na cidade a partir de 2018”, cita em um trecho.
O fechamento de sete unidades de Saúde, somado ao anúncio de funcionamento parcial de outros dois postos, sem que as reformas tivessem início, gerou uma crise no setor e Ana Paula foi colocada na linha de frente para prestar contas à população e na Câmara Municipal. Após tumulto durante audiência no Legislativo – na qual vereadores (entre eles o presidente da Casa, Almir Cicote, do PSB) questionaram a competência e o traquejo político da secretária para lidar com as pressões – ela chegou a denunciar ter sido vítima de agressão, com direito a boletim de ocorrência. O núcleo duro do Paço convocou comissionados para um ato em defesa da titular da Pasta.
“Claro que tudo que envolve mudanças gera desconforto, mas a doutora Ana Paula enfrentou os desafios com muita coragem. Mudanças também acabam com a comodidade de alguns, situação que Ana Paula também encarou como poucos na qualidade de secretária municipal. E, não menos importante: Ana Paula passou por cima de todas as resistências daqueles que não queriam ver a Saúde melhorar, com determinação e competência. Quando a convidei para assumir a Secretaria de Saúde, deixei bem claro a ela sobre o grande desafio que enfrentaríamos”, pontuou o prefeito.
“Afasto-me em harmonia e com muita gratidão por ter feito parte de um momento importante da administração, com a cabeça erguida e pronta para assumir outras missões profissionais e pessoais, com a certeza da consciência limpa e do dever cumprido”, afirmou Ana Paula no pedido de desligamento entregue ao prefeito. No texto, ela deixou claro que, desta vez, a decisão era de caráter individual e irrevogável e colocou ainda os cargos de seus indicados mais próximo à disposição.
Em agosto, diante do clima pelos lados do Paço, o Blog do Baena antecipou que a titular da Saúde estaria na berlinda. O núcleo duro do governo afastou a possibilidade da saída se concretizar e a própria Ana Paula, dias depois, ironizou a situação, negando qualquer mal-estar, mas deixando claro que o cargo estaria à disposição.
Mutirões
No último sábado (02), imediatamente após o burburinho de que Ana Paula teria pedido demissão, a secretária participou ao lado do prefeito Paulo Serra da última ação do ano do programa Saúde Fila Zero, no Centro de Especialidades I e no Centro Hospitalar Municipal (CHM). Durante o mutirão, o governo revelou ter zerado a fila de consultas e exames em 101 especialidades (incluindo cardiologia adulto e pediátrica, endocrinologia adulto e pediátrica, mastologia, urologia, tomografia, espirometria e ultrassom pélvico), atingindo a marca de 85 mil atendimentos ao longo do ano (em seis mutirões).
A Prefeitura alega que, pelo menos em 52 especialidades, o tempo de espera atualmente é de apenas um mês. “Nós herdamos 128 mil exames e consultas atrasados há mais de dois anos. Ano que vem teremos 11 novos equipamentos para entregar e os mutirões continuam”, garantiu o chefe do Executivo.
Outra baixa
Em Mauá, o secretário de Saúde, Márcio Chaves, também deixou o cargo nesta quarta (06). Um dia antes, ele entregou carta de demissão ao prefeito Atila Jacomussi (PSB).
Leia também: