“Estamos diante de uma peça de ficção”. Assim o prefeito de Santo André, Paulo Serra (PSDB), se referiu ao orçamento estimado por seu antecessor – o petista Carlos Grana – em R$ 3,2 bilhões. Ele anunciou o contingenciamento orçamentário de 60% nesta sexta-feira (06).
A medida se soma a outras de austeridade anunciadas na última terça (03), que incluem o congelamento de cargos em comissão, visando uma economia de R$ 30 milhões/ano. Isso diante de uma dívida já apurada de mais de R$ 300 milhões (restos a pagar) – Santo André tem registrada ainda uma dívida ativa de R$ 1,2 bilhão.
“Isso é produto de irresponsabilidade de quem governou a cidade. Se não tivéssemos a dívida de R$ 300 milhões, o contingenciamento poderia ter ficado na casa dos 25%”, salientou o prefeito, que vai montar uma Comissão de Controle Orçamentário (CCO) para que a meta seja atingida. Segundo ele, as medidas de contingenciamento anunciadas por Grana não surtiram efeito.
“Temos uma dívida de R$ 300 milhões e um orçamento superestimado em 25%, que não vai se concretizar. Por isso, vamos nos concentrar no real e, inicialmente, garantir a retomada dos serviços essenciais.”
“Divisor de águas”
Paulo Serra também formalizou a nova equipe do Semasa. Conforme adiantado pelo blog, Ajan Marques é o novo superintendente da autarquia, tendo Ricardo da Silva Kondratovich como adjunto. O diálogo com a Sabesp será retomado na segunda-feira (09), numa reunião às 10h, em São Paulo, com o objetivo de acabar com a falta d’água em Santo André. O Paço elencou uma série de nove medidas para apresentar à companhia, entre elas o aumento do volume de água fornecida ao município, mediante o controle de perdas no sistema por falta de reparos na rede.
“Não adianta a Sabesp fazer a parte dela e o Semasa não fazer a dele. Por isso, a retomada do diálogo é importante”, reconheceu o prefeito. A renegociação da dívida da cidade com a Sabesp – estimada em R$ 3,2 bilhões – também começará a ser discutida no encontro. “Com o perdão do trocadilho, será um divisor de águas.”
A partir de agora, Serra terá que definir uma questão administrativa que envolve o Semasa. Se a autarquia seguirá atuando de forma independente ou, como se chegou a anunciar, subordinada à Secretaria de Meio Ambiente – que será criada a partir de reforma administrativa, sob a responsabilidade do ex-vereador Donizeti Pereira (PV).
A expectativa de que o próprio secretário atuasse como superintendente do Semasa, quase interferiu na nomeação de Ajan, indicado pelo Secretário de Desenvolvimento e Geração de Emprego, o ex-prefeiturável Ailton Lima (SD). Coube ao prefeito ter habilidade para gerenciar o conflito de interesses.
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