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Moro condena dono do Diário do Grande ABC por lavagem de dinheiro

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O juiz Sergio Moro condenou, nesta quinta-feira (02), a cinco anos de prisão, o empresário Ronan Maria Pinto, dono do jornal Diário do Grande ABC, por lavagem de dinheiro. Junto com ele, e pelo mesmo motivo, foram condenados o ex-tesoureiro do PT, Delúbio Soares (que já havia sido condenado no processo do mensalão), Enivaldo Quadrado, Luiz Carlos Casante e o empresário do ramo frigorífico Natalino Bertin.

Segundo o Ministério Público Federal, Delúbio solicitou, em 2004, um empréstimo fraudulento de R$ 12 milhões no Banco Schahin em favor de campanhas do PT. O financiamento foi obtido pelo pecuarista José Carlos Bumlai – que admitiu a fraude -, mas R$ 6 milhões tiveram que ser repassados a Ronan, acusado de extorquir dirigentes petistas. Há suspeitas de que o motivo da chantagem tenha sido a compra do silêncio sobre o assassinato do prefeito petista Celso Daniel, de Santo André, em 2002.

O empresário teria usado o dinheiro para comprar o Diário do Grande ABC (que na época vinha dando muito destaque ao caso). Moro considerou que a maioria dos depoimentos, inclusive do próprio Bumlai, foi “convergente” e que há “robusta prova documental” do destino do empréstimo.

Enivaldo Quadrado e Luiz Carlos Casante foram responsáveis por estruturar as operações de ocultação do dinheiro. Já Natalino Bertin cedeu as contas da empresa para intermediar os repasses de Bumlai para Ronan.

Com exceção de Bertin, condenado a quatro anos, todos receberam penas de cinco anos – uma das mais baixas aplicadas por Moro até aqui. A pena para Bertin acabou prescrita.

O publicitário Marcos Valério, pivô do escândalo do mensalão, e outros três acusados (Oswaldo Rodrigues Vieira Filho, Sandro Tordin e Breno Altman) foram absolvidos por falta de provas. Altman havia sido denunciado sob a suspeita de ser intermediário de Ronan e de ter colaborado na montagem da operação fraudulenta.

Ronan afirmou ao juízo que o empréstimo foi tomado por iniciativa própria, para saldar dívidas da sua empresa de transporte. “Não tem nada a ver com o PT. Eu nem tenho essa relação direta com o partido.” Ele chegou a ser preso em abril de 2016, na 27ª fase da Operação Lava Jato, e libertado três meses depois mediante pagamento de fiança no valor de R$ 1 milhão e a colocação de tornozeleira eletrônica.

Ainda cabe recurso da decisão.

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