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Metalúrgico do ABC é um dos brasileiros que passaram a faixa presidencial a Lula

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Natural de Diadema, Weslley Rocha figurou entre os oito representantes do povo que subiram a rampa do Palácio do Planalto durante a posse do presidente da República

Um dos mistérios da posse de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) para seu terceiro mandato como presidente da República Federativa do Brasil foi revelado neste domingo (1º). Um grupo com oito representantes das minorias e do povo brasileiro – uma criança; um indígena; um negro; duas mulheres, sendo uma negra que trabalha como catadora; uma pessoa com deficiência; um professor; e um operário –  participou do ato simbólico de subida da rampa do Palácio do Planalto e da entrega da faixa presidencial, uma vez que o antecessor Jair Bolsonaro (PL) optou por deixar o país rumo aos Estados Unidos.

A solução encontrada foi cercada de representatividade e muita emoção. Entre os brasileiros escolhidos por Lula e pela primeira-dama, a socióloga Rosângela da Silva, a Janja, para esse momento, estava o diademense Weslley Viesba Rodrigues Rocha, metalúrgico na região do ABC desde seus 18 anos.

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Weslley com a esposa Brenda Sousa

Com 36 anos, Weslley trabalha atualmente na Delga, em Diadema, onde nasceu. Ele já passou por outras duas empresas: Tecnobank Indústria Metalúrgica e Balanças Toledo. Casado e pai de dois filhos – Cauã, de 18 anos, e Apolo, de 02 meses -, formou-se em Educação Física com o auxílio do Programa de Financiamento Estudantil (FIES).

Em conversa com o Blog do Baena, Weslley descreve o momento como “ímpar” e lembra que, assim como ele, Lula já exerceu a profissão de metalúrgico, no ABC. “Levar a faixa para o presidente Lula foi uma sensação única. Me sinto contemplado e muito feliz por ser um trabalhador metalúrgico e pelo fato do presidente também ter sido um operário da indústria metalúrgica”, diz.

Weslley também possui formação nos cursos técnicos profissionalizantes de Desenho Técnico, Matemática Aplicada, Eletricista e Comandos Elétricos pela Escola Livre para Formação Integral “Dona Lindu”, do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC em parceria com o SENAI (Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial). Apaixonado por cultura, também é conhecido como DJ Tiu em um grupo de rap chamado A Fallange e conta sua caminhada e luta por meio da música.

“Em meu trabalho na música, com a família Fallange, do rap nacional, também trago um conteúdo em busca de um Brasil mais justo e solidário para todos. Me senti realizado naquele momento. Foi a realização de um sonho meu, dos meus companheiros e de todo o povo brasileiro que estava representado ali. Tamo junto!”

Casada com o metalúrgico e DJ, a bacharel em Serviço Social Brenda Sousa descreve orgulhosa o ato de representatividade que ficará para a história do Brasil. “Primeira vez que um presidente do Brasil sobe a rampa com o povo, o povo representando o povo, o povo que o elegeu. Lula é diferente”, comenta.

Conheça os outros sete brasileiros escolhidos para participar da subida da rampa do Palácio do Planalto:

  • Francisco da Silva Filho

Morador de Itaquera, periferia de São Paulo, tem 10 anos. “Corintiano roxo”, faz natação e, em 2022, ficou em primeiro lugar no campeonato da Federação Aquática Paulista (1ª Região). Em 2019, esteve em Curitiba para dar “Bom dia, Presidente Lula!” e também esteve no Jogo MST: Amigos do Lula e Amigos do Chico Buarque, ocasião em que viu o presidente Lula de perto pela primeira vez. É filho de uma assistente social e de um advogado, ambos atuantes nas causas sociais.

  • Aline Sousa

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Tem 33 anos e é catadora desde os 14 anos. Sua mãe e sua avó materna são catadoras da mesma cooperativa. Mãe de sete filhos, seis meninos e uma menina, Aline foi eleita diretora da Rede CENTCOOP-DF, em 2012. Três anos depois, a primeira presidente da Rede. Hoje está em seu terceiro mandato. Ela ingressou no Movimento Nacional de Catadoras como articuladora nacional em 2013, representando os catadores e catadoras do DF. Atualmente, é responsável pela Secretaria Nacional da Mulher e Juventude da Unicatadores. Beneficiária do Minha Casa Minha Vida, ela e outras 30 famílias de catadores são contempladas pelo programa desde 2009.

  • Cacique Raoni

Raoni Metuktire dedicou sua vida à defesa da Amazônia e dos povos da floresta. É reconhecido por indígenas e ribeirinhos como um dos principais representantes da luta pela preservação da floresta e dos povos amazônicos. Da aldeia Kraimopry-yaka, onde nasceu, o cacique rodou o mundo pedindo paz. Recentemente, sobreviveu a três grandes desafios: a morte de sua esposa, Bekwyiká, uma infecção intestinal e um quadro de Covid-19. Aos 90 anos, segue firme e forte, sempre buscando a paz.

  • Murilo de Quadros Jesus

Filho de Margarida Cristina de Quadros e Júlio César de Jesus, tem 28 anos e é professor. Formado em Letras (Português e Inglês) pela Universidade Tecnológica Federal do Paraná (UTFPR), mora em Curitiba. Atuou como professor de Português como língua adicional na Universidad de La Sabana, em Bogotá (Colômbia), entre 2016 e 2017, e foi bolsista Fulbright como professor de Português na Bluefield College (West Virginia, Estados Unidos) entre 2021 e 2022.

  • Jucimara Fausto dos Santos

A paranaense, nascida em Palotina e moradora de Maringá, é cozinheira e apaixonada pela sua profissão. Foi num concurso de culinária na vigília Lula Livre, em Curitiba, durante a prisão do presidente, que foi chamada pra fazer pão, ficando lá por meses.  Hoje, cozinha na Associação dos Funcionários da Universidade Estadual de Maringá e quando tem condições faz pães para doação.

  • Ivan Baron

Jovem potiguar e influenciador digital pela inclusão, desde cedo teve que aprender o significado da palavra resistência. Aos 03 anos de idade teve meningite viral, que causou a sua paralisia cerebral. Apesar do nome, a doença nunca o paralisou. Referência na luta anticapacitista e considerado um dos embaixadores da inclusão numa sociedade excludente, ele se coloca no lugar de ensinar com afeto, mas também de maneira firme para que ninguém fique para trás.

  • Flávio Pereira

Nascido em 07 de maio de 1972, é natural de Pinhalão, no Paraná. Filho de Iraci Rosa Pereira e José Paulo Pereira, o artesão esteve na vigília Lula Livre durante os 580 dias ajudando em atividades cotidianas.

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Resistência sobe a rampa com Lula e Janja (Foto: Eduardo Anizelli/Folhapress)

Além deles, Janja, conforme prometido, subiu a rampa com a cachorra Resistência. Sem raça definida (SRD), ela foi adotada pela primeira-dama e por Lula após ficar 580 dias no acampamento de militantes do PT em frente à sede da Polícia Federal (PF) em Curitiba.

Carro aberto

Já diplomado, Lula desfilou com Janja e o vice-presidente, Geraldo Alckmin (PSB), acompanhado da esposa, Lu Alckmin, no tradicional Rolls Royce conversível. Eles deixaram a Catedral Metropolitana de Brasília rumo ao Congresso Nacional, onde teve início a cerimônia de posse. Havia um impasse se o trajeto seria feito em carro aberto por questões de segurança.

Empossados

Formalmente empossados, Lula, 77 anos, e Alckmin, 70 anos, inauguraram o terceiro volume do livro escrito à mão que reúne, desde 1891, os termos de posse presidencial. É a terceira vez que Lula coloca sua assinatura no livro – as duas anteriores foram em 2003 e 2007.

“Democracia sempre!”

Em seu primeiro discurso após ser empossado, o presidente Lula afirmou que a democracia venceu as eleições e defendeu o sistema eletrônico de votação. Ele também citou um “diagnóstico estarrecedor” de país e defendeu a democracia. “Sob os ventos da redemocratização, dizíamos: ditadura nunca mais! Hoje, depois do terrível desafio que superamos, devemos dizer: democracia para sempre!”, afirmou.

Ainda na noite deste domingo (1º), após dar posse aos novos ministros, Lula deve publicar pacote de atos, incluindo a revogação de decretos editados no governo Bolsonaro que facilitaram o acesso a armas. Aliados falam na publicação de 50 a 100 medidas nesse primeiro dia de governo, incluindo a liberação do acesso a dados atualmente sigilosos da Presidência da República.

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