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Jovem diretor de São Bernardo dá voz às mulheres trans e concorre a melhor documentário do ano

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“Apenas Garota”, de Danilo Facioli, morador do bairro Planalto, já conquistou seis prêmios e está em exibição no Festival Curta Campos do Jordão 

Em meio ao desmonte cultural promovido pelo governo federal, sobretudo no que diz respeito às produções com temática LGBTQIAP+, um jovem morador de São Bernardo do Campo tem visto seu filme se destacar em festivais de cinema Brasil afora. Danilo Facioli, de 27 anos, é diretor de “Apenas Garota”, que agora está concorrendo ao prêmio de melhor documentário do ano e traz relatos emocionantes de três mulheres transexuais.

O curta conta a história de vida e luta de Denise Oliveira, Hannah Ribeiro e Leticia Corrêa, com o intuito de dar voz a essas mulheres. “O fato de as mulheres trans ainda serem as mais afetadas em todas as esferas da sociedade, excluídas dentro da própria sigla LGBTQIAP+, foi justamente o que me motivou a escrever e produzir o documentário. É um espaço para que elas possam dar a sua mensagem e ter o mínimo de respeito”, explica Danilo.

Hannah é uma das personagens reais do curta metragem: visibilidade e respeito às mulheres trans

Durante 19 minutos, Denise, Hannah e Leticia relatam as dificuldades enfrentadas pelas pessoas transgêneras para adquirir identidade, além das represálias sofridas dentro de uma sociedade intolerante e preconceituosa. O Brasil lidera o ranking de países que mais mata travestis e transexuais em todo o mundo. Em 2019, foram 124 trans assassinadas, de acordo com a ANTRA (Associação Nacional de Travestis e Transexuais). Só em São Paulo, o número de assassinatos passou de 14, em 2018, para 51 no ano passado – um aumento de quase 67%.

Nascido em Cotia, na Grande São Paulo, e morador do bairro Planalto, em São Bernardo, Danilo revela o objetivo de humanizar o universo transexual a partir dos relatos do filme. “É triste ver que as mulheres trans ainda lutam pelo básico e para sobreviver, quando na verdade foram as que mais fizeram por nós (da comunidade LGBTQIAP+) lá atrás.”

O diretor Danilo Facioli, de 27 anos, ao lado do cartaz do documentário “Apenas Garota”

“Apenas Garota” é um curta acadêmico e independente, produzido em 2019 no CAV (Centro Audiovisual), espaço público de São Bernardo que oferece cursos técnicos e gratuitos nas áreas de cinema, TV  e animação. “Mesmo em meio a perseguições à Cultura, o local se mantém de pé, graças a excelentes profissionais “, defende o jovem diretor.

O documentário, que já foi exibido em 11 festivais do Brasil e conquistou seis prêmios, pode ser visto até o próximo dia 25 (domingo), numa das sessões competitivas do 6º Festival Curta Campos do Jordão, evento que se firmou na difusão da produção audiovisual brasileira e neste ano está em versão totalmente online devido aos protocolos sanitários e de segurança impostos pela pandemia de Covid-19.

Quem prestigia a cultura e o cinema independente pode assistir “Apenas Garota” na Mostra Nacional Documentário 02 na página do festival. O site disponibiliza ainda o link para a área de votação.

Nos links a seguir é possível ver o curta (a partir de 32m10s) e o trailer.

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