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Irmão traça um perfil da zagueira Kathellen Sousa e fala de suas ligações com São Vicente

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Jogadora está em seu segundo mundial com a Seleção Brasileira Feminina, que estreou na Copa 2023 com goleada contra o Panamá: 4 x 0

O Brasil fez sua estreia na 9ª edição da Copa do Mundo Feminina de Futebol nesta segunda-feira (24), vencendo o Panamá por 4 a 0, em partida válida pelo Grupo F. Entre as 23 jogadoras convocadas está a Kathellen Sousa, de 27 anos, zagueira que passou parte da adolescência em São Vicente, onde ainda morava quando viu seu sonho no esporte começar a se tornar realidade.

Se hoje é lembrada por atuar no Real Madrid, um dos maiores clubes do mundo, a cidade da Baixada Santista a conheceu muito antes. Wesley Feitoza, viveu toda essa jornada junto da irmã. “Desde pequenos nós jogamos bola na rua. A Kathellen também acompanhava a nossa mãe (dona Severina), que jogava como goleira. Com o tempo, fomos crescendo e começamos a jogar em clubes também. Não tinha futebol feminino, então a Kathellen jogava junto com os meninos”, lembra.

A família se mudou de Cubatão para São Vicente quando Kathellen conquistou uma bolsa de estudos em uma escola particular da cidade. “Nossos pais preferiram se mudar, pois a distância era bem grande. Aí ela atuou na Copa TV Tribuna de Futsal Escolar e foi campeã.”

Ao viajar nessa por essa história, Wesley conta que a família aproveitou muito o tempo em São Vicente, principalmente a praia. “Nos mudamos para o Parque São Vicente, que fica bem mais perto da praia, para onde sempre gostamos de ir. Íamos até o Gonzaguinha, subindo e descendo a Ilha Porchat”, diverte-se, saudoso.

Força total

Quando a zagueira se formou no Ensino Médio, a carreira começou a dar sinais de que iria deslanchar. Porém, não foi fácil para Kathellen conquistar a tão sonhada oportunidade e o irmão acompanhou de perto todo o esforço da jogadora para dar os primeiros passos profissionalmente. “Bem na época em que ela se formou, o futebol feminino do Santos não estava atuando, então as perspectivas eram pequenas. Mas ela não desistiu. Continuou treinando na praia para manter o físico. Enquanto tudo isso acontecia, o nosso pai, Seu Antônio, corria atrás para conseguir um time para ela jogar.”

E, de tanto procurar, Seu Antônio conseguiu a oportunidade que colocou Kathellen no caminho da profissionalização. “Não sei de que forma, mas o nosso pai achou uma empresa em São Paulo que dava bolsas de estudos esportivas nos Estados Unidos. A bolsa não era integral, mas era a chance dela competir pela faculdade enquanto estudava.”

Nesse momento, o destino separou os dois irmãos. Kathellen, nascida em Santos, embarcou para o Exterior e Wesley ficou na Baixada torcendo por ela. “Nós dois fizemos o teste e passamos, mas a bolsa não era 100% e ficaria muito caro para irmos juntos. Como na época eu já estava trabalhando e fazendo curso, nos concentramos na ida dela. A Kathellen passou por três ou quatro testes e passou na peneira, finalmente conquistando a bolsa”, explica.

Ao mesmo tempo em que precisava amadurecer, ela enfrentava a necessidade de aprender um novo idioma. “A Kathellen ainda era menor de idade e não sabia falar inglês direito, mesmo assim fez uma entrevista online com os dirigentes da faculdade. Nas faculdades dos Estados Unidos, os jogadores não recebem ajuda de custo e, ao chegar lá, a luta continuou. Ela chegou a ter em empregos informais para não passar fome e não nos contava para não preocupar ninguém. Ficávamos sabendo por amigas dela que viraram amigas de toda a família.”

Distância da família

Não bastasse os desafios cotidianos, a distância também era uma incômodo. A zagueira da Seleção ficou quase três anos sem encontrar a família. “Só conversamos por computador, por mensagem. Quando ela voltou ao Brasil, já estava diferente, mais alta e mais forte (Kathellen tem 1,80 metro de altura)”, destaca Wesley.

Foi depois da formação na University of Central Florida (UCF) que a carreira profissional de Kathellen começou pra valer. Primeiro, ela assinou com o Bordeaux, da França, onde jogou de 2018 a 2020. Depois, foi para Itália, onde se tornou a primeira jogadora brasileira a atuar pela Inter de Milão.

Verde e amarelo

Kathellen-Souza

Um dos destaques da Seleção, Kat, como é conhecida, é filha de uma pernambucana que jogava como goleira (Foto: Reprodução/Instagram)

Em 2019, a atleta virou titular na Copa do Mundo Feminina após lesão da zagueira Erika e participou dos quatro jogos da campanha, que terminou em eliminação pela anfitriã França. Três anos depois assinou com o Real Madrid, um dos clubes mais tradicionais do mundo, mas relativamente novo na atmosfera do futebol feminino.

Pela Seleção Brasileira, Kathellen tem 29 partidas e 1 gol marcado. Ela fez parte do elenco campeão da Copa América Feminina em 2022 e está em sua segunda Copa do Mundo. Neste ano, Brasil e França se reencontram, desta vez em jogo válido pela fase de grupos, neste sábado (29). A seleção também vai reencontrar a Jamaica (dia 02 de agosto), com quem fez a abertura quatro anos atrás, em jogo marcado pelo hat-trick de Cristiane.

Apesar de já ser a segunda Copa da irmã, Wesley confessa que está ansioso. “Por aqui a ansiedade é total. Mas vamos reunir toda a família e torcer com toda nossa força para incentivar ela e o Brasil até o título.”

(Foto: Divulgação)

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