Quarentena teria detonado crise e tornado inviável prosseguimento das atividades, segundo administradora
O Parque Cidade da Criança, marco turístico de São Bernardo do Campo e que fez a alegria de gerações, fechou as portas na manhã desta quinta-feira (27). O anúncio do encerramento das atividades foi feito pelo Grupo ExpoAqua, que administrava o local havia dez anos.
Um grupo de cerca de 120 pessoas protestou na porta do parque, pedindo a reabertura e a garantia dos empregos. O Grupo ExpoAqua tinha autorização para exploração e gestão dos equipamentos de diversão e demais atrações por tempo indeterminado. Os serviços de limpeza, segurança e manutenção do espaço são de responsabilidade da Prefeitura do município.
Razão da crise
Por conta da quarentena, o parque Cidade da Criança está fechado ao público desde o dia 16 de março. Segundo Anael Fahel, diretor do grupo ExpoAqua, com o empreendimento sem funcionar ficou impossível manter os empregos.
A unidade emprega 110 funcionários, sendo que parte deles serão realocados para outros empreendimentos do grupo – como um parque que deve ser aberto em Cotia, na Grande São Paulo, em 2021 – mas parte perderá o emprego. A Cidade da Criança recebia cerca de 400 mil visitantes por ano.
Fahel afirmou à revista Época que desde julho mantinha contato com a Prefeitura de São Bernardo para discutir o protocolo de reabertura do parque, respeitando os critérios de higiene e a restrição no número de visitantes, porém, sem sucesso. O grupo deve começar a desmontar os equipamentos nos próximos dias.
Cerca de 90% dos brinquedos que existem no local pertencem à empresa. Permanecerão no parque a réplica do submarino – uma das atrações mais famosas do local -, o avião e o carrossel.
História
Inaugurado em outubro de 1968, o Cidade da Criança foi o primeiro parque temático do Brasil e da América Latina, tendo vivido seu auge nos anos 70 e 80. O local atraia turistas de vários pontos do país.
Em área do parque, ao lado dos estúdios Vera Cruz, foi construída a primeira cidade cenográfica de uma telenovela no Brasil – Redenção (1966/1968), da TV Excelsior. Mesmo com o fim das gravações, as visitas continuaram. O terreno e a área construída para a produção foram tombados pelo Conselho Municipal de Patrimônio Histórico e Cultural em 1990.
O local entrou em decadência nos anos 90 com o surgimento de parques como Playcenter e depois Hopi Hari. Abandonado, o parque ficou fechado de 2005 até 2010, quando foi reaberto. Desde então estava sob o comando do Grupo ExpoAqua.
Em 24 de julho de 2019, Ilma Pereira de Souza, de 40 anos, morreu em uma atração do parque. Ela acompanhava a filha no brinquedo conhecido como “Brucomela” e bateu a cabeça em um ferro após passar mal. A Justiça de São Bernardo arquivou o inquérito policial que apurava a morte da mulher – primeiro caso do tipo no local.
Posição da gestão
Em nota, a Prefeitura Municipal disse que “assim que a cidade for para a fase verde do Plano São Paulo, o parque irá reabrir com este ou outro permissionário que já manifestou interesse em explorar o espaço”. São Bernardo está na fase amarela do Plano São Paulo, do governo do Estado, e parques temáticos só podem reabrir na fase verde, obedecendo uma série de protocolos sanitários, de acordo com o texto.
O Grupo ExpoAqua informou que os clientes que adquiriram passaportes para uso futuro serão reembolsados.
(Com informações do G1)
Atualização: em 1º de setembro, menos de uma semana após anunciar o encerramento das atividades do parque Cidade da Criança, o Grupo ExpoAqua voltou atrás e decidiu manter o funcionamento do local. Após articulação com a Prefeitura de São Bernardo, houve ainda compromisso pela manutenção dos empregos.
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