Enquanto a seleção russa garantia mais uma vitória na Copa do Mundo e carimbava seu passaporte para as oitavas de final, desta vez sobre o Egito por 3 a 1, em São Caetano do Sul a vibração era da família Fernandes. O motivo? O lateral Mário Fernandes, brasileiro de nascimento e um dos craques da Rússia, país que soma 8 gols até o momento.
Entre os torcedores mais empolgados com o desempenho da Rússia, e de Mário, ex-jogador do São Caetano, está Jô Fernandes, de 26 anos, irmão do craque – e que também deixou seu nome marcado na história do Azulão, como atacante (com 24 gols em 41 jogos), mas teve que abandonar recentemente os gramados devido a problemas no joelho direito e após seis cirurgias. Agora, ao lado de familiares e amigos do ABC, Jô não esconde o orgulho de sua referência no futebol: “Bora Rússia!” e “Mais uma vitória”, publicou nas redes sociais antes do jogo de estreia com a Arábia Saudita (5 a 0) e após a partida contra o Egito, respectivamente.
Reviravolta na carreira
Nascido em São Caetano, Mário, que completa 28 anos em setembro, saiu do futsal para o campo do Azulão, onde jogava como zagueiro, mas logo começou a demonstrar suas habilidades para marcar gols. Em 2009, o Grêmio pagou R$ 1 milhão pelo passe do jogador, que se despediria da região do ABC. Com o sucesso no tricolor gaúcho, veio a proposta do CSKA Moscou, que comprou seu passe em 2011.
Apesar do bom desempenho em campo, a carreira de Mário Fernandes é marcada por confusões, que incluem sumiços de treinamentos, tanto no São Caetano quanto no Grêmio. O episódio mais marcante em sua trajetória, porém, foi ter recusado se apresentar à Seleção Brasileira, então comandada por Mano Menezes, para disputar o Superclássico das Américas contra a Argentina (o motivo teria sido o fato de ter ficado na reserva em outra partida contra os argentinos, mas há quem aponte a perda do voo depois de uma noite na balada).
“O Mário não vendeu a alma para jogar pelo Brasil”, afirmou o pai, Mário Pérsio Fernandes, o Bagué, à revista Placar. Ele ainda negou que a motivação para a ausência do filho na Seleção tenha sido balada.
Em meio a críticas dos contrários à “traição”, Mário voltou a defender o Brasil numa única partida: um amistoso contra o Japão, durante a segunda passagem de Dunga pela Seleção. Naturalizado russo, o ex-zagueiro – agora lateral titular da Rússia – escreve seu nome na história do país que sedia o mundial.
Depois de críticas e desconfiança na fase pré-Copa, a seleção russa está novamente nos braços do povo – e muito por causa do desempenho daquele que “entende tudo, mas fala pouco o idioma”, como descreve o técnico Stanislav Cherchesov.
“Conseguimos recuperar a confiança da nossa torcida. Estou feliz e não penso mais na seleção brasileira, que está bem servida de jogadores. Sempre quis ter o passaporte russo. Não me arrependo de nada”, disse Mário Fernandes, após o triunfo diante do Egito.
O talento do jogador agora aparece para o mundo mas, além dos russos, tem muitos brasileiros na torcida, especialmente em São Caetano. Que venha o Uruguai!