Iniciativa que troca recicláveis por alimentos consagrou-se como a principal política pública socioambiental da cidade e está prestes a virar lei
Desde 2017, reciclar em Santo André gera comida na mesa a famílias em situação de vulnerabilidade social, amplia a segurança alimentar e a limpeza dos bairros da cidade. Todas essas melhorias resultam do programa Moeda Verde, que completou 5 anos de existência nesta terça-feira (22). São exatos 1.825 dias proporcionando mais qualidade de vida para cerca de 100 mil pessoas que residem em 23 comunidades carentes.
Em comemoração ao aniversário da principal política pública socioambiental do município, a Prefeitura de Santo André e o Semasa (Serviço Municipal de Saneamento Ambiental de Santo André) realizaram, durante a manhã desta terça, um evento junto aos moradores da Vila Sá, um dos locais que beneficiados pela iniciativa. Teve bolo, algodão doce e, claro, parabéns.
“Hoje é um dia muito especial porque, afinal de contas, são cinco anos de uma política pública que se mostrou efetiva, que deu certo”, celebrou a primeira-dama e presidente do Fundo Social de Solidariedade Ana Carolina Barreto Serra, uma das idealizadoras do programa. “De uma ideia aparentemente simples, da troca do lixo pelo alimento, a gente vê o apoio às famílias, à alimentação saudável e ao meio ambiente”, complementou.
Lei
Santo André tem outro motivo importante para festejar: nos próximos dias, o Moeda Verde se tornará lei. O projeto que transforma o programa em legislação municipal foi aprovado em segunda votação na Câmara nesta terça e será sancionado em breve pelo prefeito Paulo Serra (PSDB). É uma importante conquista para que os próximos governos possam dar continuidade à ação, inclusive expandindo para mais comunidades.
“O Moeda Verde deixa de ser um programa idealizado pela nossa gestão e passa ser da cidade, de vocês, moradores e moradoras. Isso que é o mais importante: a gente ter essa consciência que diferencia muito bem o que é política pública efetiva do que é, muitas vezes, um plano de governo, de uma só gestão”, afirmou o prefeito.
“A gente tem muito orgulho de participar de uma iniciativa como esta. Nesses cinco anos, são mais de 800 toneladas de recicláveis, e isso representa um mês de coleta no município”, explicou o superintendente do Semasa, Gilvan Junior. De novembro de 2017 até o momento, mais de 160 toneladas de alimentos foram distribuídas, contribuindo para gerar emprego e renda para 100 pessoas que trabalham nas cooperativas de reciclagem do município.
A ajudante geral Ana Aparecida de Oliveira, 59 anos, que troca recicláveis por alimentos na comunidade da Vila Sá, destacou a qualidade das frutas, legumes e verduras. “Para a gente que mora em comunidade, não é sempre que conseguimos ter dinheiro para comer bem, ainda mais com os alimentos caros. Os alimentos são frescos e de qualidade.”
Comunidades mais limpas
Com a colaboração da população, o programa Moeda Verde conseguiu eliminar cinco locais que sofriam com descarte irregular de resíduos. Na Avenida dos Estados e na Rua Malaia, no Parque Capuava, no lugar de móveis, entulho e madeira, foram implantados áreas verdes, praças e estacionamentos. Nessas duas vias, o Semasa chegou a gastar mais de R$ 200 mil por ano para executar serviços de limpeza.
Na rua Lamartine (Jardim Santo André) e na rua Júlio Pignatari (Utinga) houve revitalização da calçada e também a implantação de estacionamentos para os munícipes. Outro local onde não há mais ponto de descarte irregular é na rua Caldas, no bairro Cidade São Jorge. O Semasa gastava anualmente mais de R$ 100 mil para a retirada de resíduos.
Referência nacional e internacional
As transformações que o programa Moeda Verde vêm proporcionado, seja na questão alimentar, de saúde pública ou ambiental, atraíram olhares de diversas cidades e estados brasileiros.
Representantes de cidades como Amparo, Porto Ferreira, São Carlos, Leme, Recife, Guarujá e Itanhaém já estiveram em Santo André para conhecer ou se interessam pelo programa. Além disso, em 2020, o Moeda Verde chegou ao conhecimento de chineses, após uma TV estrangeira produzir uma reportagem especial.
Dada a relevância da iniciativa, Santo André pretende fazer articulações para que o programa possa também se tornar uma política pública do Estado de São Paulo. Isso deve ocorrer por meio do mandato de Ana Carolina Serra, eleita deputada estadual pelo Cidadania e que assumirá em 2023.
Realizada pelo Fundo Social de Solidariedade, por meio do Banco de Alimentos, e pelo Semasa, a ação está presente nos seguintes locais:
- Jardim Cristiane
- Chácara da Baronesa (Jardim Las Vegas)
- Jardim Cipreste,
- Eucalipos (Cata Preta)
- Morro da Kibon (Sítio Cassaquera)
- Jardim Santa Cristina
- Sítio dos Vianas
- Cruzado I e II (Jardim Santo André)
- Pintassilva (Parque Miami)
- Tamarutaca (Vila Guiomar)
- Sorocaba (Jardim Alzira Franco)
- Espírito Santo (Cidade São Jorge)
- Missionários (Jardim Santo André)
- Maurício de Medeiros (Jardim Irene)
- Nova Centreville (Centreville)
- Homero Thon
- Havana (Utinga)
- Favelinha do Amor (Jardim Santa Cristina)
- Gleba Camilópolis (Jardim Utinga)
(Fotos: Angelo Baima e Helber Aggio / PSA)
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