Exclusivo: Paulo Serra inicia diálogo para Prefeitura comprar prédio da Vivo em Santo André
Apesar de estar focado num primeiro momento em sanear as contas públicas, quitar débitos com fornecedores e regularizar a prestação de serviços básicos em Santo André, o prefeito Paulo Serra (PSDB) planeja economizar com o aluguel de prédios que abrigam departamentos municipais. Uma saída, em estudo, é a aquisição do prédio onde funcionava a Vivo – antiga CTBC (Companhia Telefônica da Borda do Campo) – na esquina da avenida Portugal com a rua Justino Paixão, no entorno da praça IV Centenário, onde já estão os três poderes: Executivo (Paço), Legislativo (Câmara) e Judiciário (Fórum).
Em conversa exclusiva com o BLOG DO BAENA, Serra revela que logo após a eleição iniciou um diálogo com a empresa, mas trata-se de uma negociação a médio prazo. Hoje, a Prefeitura gasta R$ 7 milhões ao ano com o aluguel de prédios. “Com esse valor, daria para construir no primeiro ano um prédio para abrigar todos os setores que pagam aluguel”, disse o prefeito.
Com sete andares, o prédio da antiga CTBC está abandonado, foi alvo da ação de pichadores e precisa de reformas (principalmente nas instalações elétrica e hidráulica). O ex-prefeito Carlos Grana (PT) tentou alugar o imóvel por R$ 80 mil mensais – divididos entre a Prefeitura e o Tribunal de Justiça de São Paulo (TJ-SP) – com a intenção de transferir para o local departamentos municipais e quatro varas do Fórum. Apesar da tentativa de acordo, o valor da reforma (R$ 700 mil), apresentado na ocasião, inviabilizou a negociação.
O valor do prédio para venda, atualmente, está estimado em R$ 10 milhões e tem uma dívida de IPTU (Imposto Predial e Territorial Urbano) de cerca de R$ 3 milhões, até onde a nova gestão conseguiu apurar durante a transição de governo. “É um débito pequeno diante do tamanho da construção. Um acordo nos permitiria não só economizar bastante, mas recuperar uma área que é um símbolo da cidade”, aposta Serra.
Segundo ele, se não der para zerar o aluguel de espaços, a ideia é reduzir de 70% a 80% esse tipo de gasto. Além do imóvel que abrigou a CTBC – e por último a Vivo -, há prédios que pertencem ao poder público e estão ociosos: o da antiga Rhodia, desapropriado em 2011 para abrigar o Poupatempo – o que não ocorreu (e custou R$ 12 milhões); o do Tiro de Guerra, ocupado pela corporação apenas das 06h às 08h; e uma área embaixo da arquibancada do estádio Bruno José Daniel (para onde Serra pretende transferir boa parte da estrutura da Secretaria de Esportes, chefiada pelo tucano Marcelo Chehade, licenciado do cargo de vereador). “Sem contar que é possível readequar o próprio prédio do Paço”, acredita o prefeito.
A CTBC foi fundada em março de 1954, por iniciativa da Associação Comercial e Industrial de Santo André (ACISA), com a finalidade de oferecer ao ABC serviços telefônicos melhores do que os ofertados pela antiga Companhia Telefônica Brasileira (CTB). Em 1973, a Telecomunicações de São Paulo (Telesp) adquiriu o controle acionário da empresa, mas a manteve separada.
Dívida
Na tarde desta terça (03), Paulo Serra reuniu a imprensa para anunciar a assinatura de dois decretos. O primeiro visa congelar 40% dos gastos com cargos comissionados (todos os apadrinhados pela gestão passada já foram demitidos, com exceção de 14 que estão em licença) e 30% das funções gratificadas (que “turbinam” os salários de servidores concursados que assumem atribuições de mais status e responsabilidades). Estima-se uma economia de R$ 30 milhões/ano (R$ 120 milhões em quatro anos). Só com comissionados, a economia prevista é de R$ 1,1 milhão/mês (de R$ 2,7 milhões para R$ 1,6 milhão mensais). Horas extras também serão revistas.
O segundo decreto prevê a criação de uma Comissão Extraordinária de Saneamento das Contas, que propõe o congelamento das dívidas. Todos os serviços prestados até 31 de dezembro de 2016 não serão pagos nos próximos três meses, para que seja feita a análise desses débitos e definido o que pode ser proposto: acordos, descontos ou parcelamentos.
Além das primeiras medidas do plano de recuperação orçamentária, o novo governo apresentou o resultado da dívida apurada: R$ 255 milhões referentes a 2016 e R$ 51 milhões de exercícios anteriores, totalizando R$ 306 milhões. Grana, o ex-prefeito, estimou R$ 257 milhões, sem incluir dívidas de precatórios e com a Sabesp. “É uma situação extremamente desafiadora”, finalizou Serra, que estava acompanhado dos secretários Leandro Petrin (Assuntos Estratégicos), José Grecco (Finanças), Caio Costa (Assuntos Jurídicos) e Fernando Gomes (Inovação e Administração), além do vice Luiz Zacarias (PTB).
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