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COVID-19 não é transmitida por cachorros e gatos

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Especialistas alertam para os cuidados com seu pet diante do cenário de pandemia pelo novo coronavírus

Desde que a COVID-19 chegou ao Brasil, a busca por informações a respeito do contágio por animais domésticos aumentou muito e também são muitas as informações equivocadas divulgadas sobre o novo coronavírus e os nossos amigos peludos.

Não há qualquer evidência de que cães e gatos possam ser infectados, bem como possam transmitir o vírus para os humanos. O que não significa deixar seu pet em ambiente contaminado, conforme alertam as veterinárias Daniele Zurita Perrella e Valéria Rossi, do petshop e creche Pet Family, com unidades em Santo André e São Caetano.

“Recentemente, foi amplamente divulgado que os pets pegam o coronavírus, mas que apresentam sintomas diferentes, semelhantes a uma parvovirose. Para um veterinário, não há nada de errado com essa informação, mas para os tutores pode ser um problema, pois eles não tem conhecimento de que o coronavírus tem vários tipos”, alerta Daniele.

O coronavirus é na verdade um grupo de vírus comum entre os animais. Em casos muito raros, ele é o que os cientistas chamam de zoonótico, que pode ser transmitido de animais para seres humanos, de acordo com centros norte-americanos para controle e prevenção de doenças.

“Logo, existe coronavírus bovino, felino, canino, de galinha, diversos tipos em morcegos e em seres humanos. Cada tipo do vírus tem um conjunto específico de sintomas para os seus hospedeiros”, explica Valéria. 

Virose canina e felina

 Segundo as veterinárias, o coronavírus pode aparecer de duas formas nos cachorros: com manifestação respiratória ou entérica – essa última mais comum e que causa um quadro de diarreia. Ambas são prevenidas por meio da vacinação anual, a V8 ou a V10.

Já os felinos também têm seu coronavírus próprio (FCoV), que pode causar a peritonite infecciosa felina, a PIF. A doença é encontrada em praticamente todo o mundo e, infelizmente, até o momento, não existem vacinas para prevenir o FCoV.

“Nos pets o sistema gastrointestinal é acometido, o que é muito semelhante a parvovirose, causando sintomas completamente distintos do coronavírus que atinge os humanos. Esses tipos de coronavírus que acometem pets não são transmissíveis às pessoas e não têm relação com a COVID-19”, tranquilizam as profissionais.

Mas a COVID-19 foi transmitida por animais? Para Daniele, ainda é cedo para fazer afirmações a respeito. “O que se sabe é que é uma doença zoonótica, como a SARS (Síndrome Respiratória Aguda Grave) e que o surto teve início, aparentemente, no mercado de Wuhan, na China, o qual contava com uma seção de animais silvestres, onde eram vendidos animais vivos ou abatidos”, comenta.

Assim que os cientistas decifraram o código genético do novo coronavírus, os morcegos se tornaram os principais suspeitos, seja por transmissão direta aos humanos ou por meio de um animal infectado (um intermediário). “O que se pode afirmar até o momento é que do morcego, ou de outro hospedeiro intermediário, para o humano a COVID-19 é uma zoonose, mas somente nesta hipótese. Os animais domésticos, gatos e cachorros, não contraem ou transmitem COVID-19.”

E o cão de Hong Kong?

“Qualquer animal que esteja em um ambiente com extrema contaminação pode apresentar o vírus no organismo. Temos que tomar cuidado com a desinformação”, esclarece Valéria.

Quando ocorreu surto da SARS, em 2003, alguns animais que estavam em ambientes contaminados apresentaram teste positivo para a doença, apesar de não desenvolverem nenhum tipo de sintoma, lembra a veterinária. “Não tivemos casos de animais domésticos transmitindo a doença para humanos, e vice-versa.”

Em artigo publicado recentemente no jornal Science, a microbiologista Shelley Rankin, da Escola de Medicina Veterinária da Universidade da Pensilvânia, na Filadélfia, publicou: “No momento, não há pesquisas para apoiar a disseminação humano a animal. Amostras do cão de Hong Kong tinham um pequeno número de partículas virais presentes. Em um animal sem sinais clínicos de doença, é difícil dizer o que isso significa. Foi um caso único e aprendemos que precisamos fazer muito mais pesquisas sobre o potencial do vírus humano SARS-CoV-19 para infectar animais. ”

Cuidados gerais

A pedido do Blog do Baena, Daniele e Valéria deixam alguns cuidados com cães e gatos, uma vez que, segundo elas, estamos diante de um vírus de baixa taxa de mortalidade – comparado ao seu antecessor (SARS) -, mas de alta capacidade de multiplicação.

“Tosse, espirro, beijos ou abraços podem causar exposição. O vírus também pode ser transmitido ao tocar em algo que uma pessoa infectada tocou e depois em sua boca, nariz ou olhos. Se uma pessoa infectada espirrar na mão, fazer carinho no cachorro e depois outra pessoa entrar em contato com aquele cachorro, há grande chance de contágio, exatamente como pode acontecer com maçanetas e balcões. Esse cão ainda poderá apresentar, sim, o vírus em seu organismo, uma vez que pode lamber o próprio pelo ou um ambiente contaminado, o que não significa que apresentará sintomas.”

“Nesse caso, o pet não estará transmitindo a COVID-19, mas sendo um meio de transmissão ao carregar vírus pelo ambiente.”

“É uma questão de higiene básica. Se a pessoa não entender que deve usar máscaras (caso apresente sintomas de contaminação), cobrir a boca com os braços ou lenços descartáveis ao espirrar ou tossir e manter a distância adequada de outros seres vivos, não só o pet dela como toda a casa será um ambiente com alta carga viral.”

“Para quem está com a doença (ou com suspeita de estar infectado), o contato com o animal deve ser evitado, sem os famosos ‘lambeijos’. Atualmente, os pets são como um integrante da família, sendo assim, o interessante seria deixá-los em uma creche ou hotel para animais ou aos cuidados de outra pessoa, até para levar ao veterinário, durante o período de quarentena do tutor. Essa comodidade evita que o pet carregue o vírus por todo o ambiente familiar e esses locais costumam ter protocolos de limpeza e desinfestação melhores que os domésticos, exatamente para diminuir riscos de contágio de doenças entre pets e colaboradores.”

“Caso não tenha a possibilidade de deixá-lo numa creche, é importante passar álcool em gel sempre que for brincar com ele, mexer em ração, brinquedos ou petiscos.”

“Os passeios não precisam ser cortados, por uma questão de bem-estar animal. Algo que não devemos esquecer é escolher os horários de menor movimento nas ruas, bem como evitar locais aglomerados. É importante usar produtos de higiene animal nos pelos e patas antes e depois do passeio.”

“Na situação em que estamos, os banhos são essenciais, afinal, o vírus não gosta da limpeza.”

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