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Chefes do Executivo do ABC reforçam coro do governador Tarcísio contra terroristas

Manifestantes invadem Congresso, STF e Palácio do Planalto.

Políticos das sete cidades reiteram caráter antidemocrático dos atos golpistas deste domingo

Embora aliado do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), condenou os atos terroristas praticados neste domingo (08) por bolsonaristas que invadiram e destruíram os prédios do Palácio do Planalto, do Congresso Nacional (Câmara e Senado) e do Supremo Tribunal Federal (STF) em Brasília. Prefeitos e outros políticos do ABC foram na mesma linha.

“Para que o Brasil possa caminhar, o debate deve ser o de ideias e a oposição deve ser responsável, apontando direções. Manifestações perdem a legitimidade e a razão a partir do momento em que há violência, depredação ou cerceamento de direitos. Não admitiremos isso em SP!”, disse Tarcísio. A avenida 23 de maio, próxima ao prédio da Assembleia Legislativa de São Paulo (Alesp), chegou a ser interditada por um grupo de radicais apoiadores do ex-presidente.

O prefeito de Santo André, Paulo Serra (PSDB), postou em suas redes sociais: “Manifestações pacíficas são sempre legítimas e devem fazer parte do jogo democrático! Já os atos de vandalismo, depredação de patrimônio, agressão a policiais e o desrespeito a Lei e a Ordem merecem nosso total repúdio e punição severa. O Brasil e o Estado Democrático de Direito prevalecem sempre!”

José Auricchio Júnior (PSDB), chefe do Executivo de São Caetano do Sul, também usou as redes sociais para repudiar as invasões, depredações e a destruição do patrimônio público e histórico em Brasília. “As invasões que estão ocorrendo em Brasília são graves ataques ao Estado Democrático de Direito. Vandalismo e depredação de patrimônios públicos sem nenhuma razão plausível. Medidas urgentes devem ser tomadas e os responsáveis punidos. A democracia sempre será soberana”, publicou.

Os prefeitos de Diadema e Mauá, os petistas José de Filippi Júnior e Marcelo Oliveira, respectivamente, também emitiram notas de repúdio. Ambos estiveram em Brasília, no dia 1º de janeiro, para acompanhar a posse do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

“Inaceitável a ação de vândalos em Brasília neste domingo. O presidente Lula acaba de decretar intervenção na segurança do DF. Que pese todo o rigor da lei e que todos os envolvidos, tanto os presentes quanto os financiadores, sejam punidos”, defendeu Filippi.

“Os atos praticados pelos golpistas contra os três poderes, em Brasília, são inaceitáveis. Somos favoráveis a toda manifestação pacífica e democrática, mas não aceitamos o vandalismo como prática de manifestação política. Os responsáveis devem ser punidos exemplarmente pela Justiça brasileira. Nossa democracia é estável e as instituições são equilibradas para exercer o poder e condenar as práticas fascistas”, destacou Oliveira.

Também apoiador e do mesmo partido de Bolsonaro, Guto Volpi (PL), prefeito eleito de Ribeirão Pires e que toma posse nesta segunda-feira (09), criticou o episódio, que classificou como lamentável. “As invasões aos três poderes em Brasília são inadmissíveis. Manifestações pacíficas podem e devem ser praticadas, já depredação, vandalismo e agressão devem ser represados. Como democrata, repudio todo ataque ao Estado Democrático de Direito. É inaceitável qualquer invasão, vandalismo e depredação do patrimônio público. Que todas as medidas legais sejam tomadas para o restabelecimento da ordem. Que a justiça seja feita e os responsáveis punidos. A democracia deve prevalecer sempre.”

“O direito à livre manifestação deve ser respeitado e defendido, desde que não sejam ataques diretos às instituições democráticas do nosso País. Os atos realizados por terroristas neste domingo são incompatíveis com o Estado Democrático de Direito. É necessário investigar e punir os responsáveis por este atentado ao povo brasileiro, de forma direta e indireta com o rigor da lei”, defendeu a prefeita de Rio Grande da Serra, Penha Fumagalli (PTB).

O prefeito de São Bernardo do Campo, Orlando Morando (PSDB), também repudiou o que chamou de ato contra a democracia brasileira. Os presidentes das câmaras municipais de Santo André, Carlos Ferreira (Republicanos); São Bernardo, Danilo Lima (PSDB); e São Caetano, Pio Mielo (PSDB), se manifestaram contra as ações extremistas, assim como deputados estaduais e federais eleitos em 2022 pela região. Entre eles, Ana Carolina Serra (Cidadania), Carla Morando (PSDB), Marcelo Lima (Solidariedade), Fernando Marangoni (União Brasil), Maurício Neves (PP), Thiago Auricchio (PL), Ediane Maria (PSOL), Rômulo Fernandes (PT), Luiz Fernando Teixeira (PT) e Alex Manente (Cidadania).

Invasão em Brasília

Na tarde deste domingo, radicais bolsonaristas, em manifesto extremista, antidemocrático e com viés golpista, invadiram o Congresso Nacional, o Palácio do Planalto e o STF, após entrarem em confronto com a Polícia Militar na Esplanada dos Ministérios. Os terroristas estavam com pedaços de pau e pedras.

Vidraças da sede do Congresso foram quebradas. Os bolsonaristas radicais ainda alcançaram o Salão Verde da Câmara dos Deputados, área que dá acesso ao plenário da Casa. Documentos, computadores e obras de arte, como “As Mulatas”, de 1962, do pintor brasileiro Di Cavalcanti (1897-1976), foram danificados. Sem esquecer que os prédios públicos destruídos em Brasília carregam os traços modernistas do arquiteto Oscar Niemeyer (1907-2012).

Apenas o gabinete do presidente Lula foi poupado do vandalismo, porque os golpistas não conseguiram entrar na sala. O local possui segurança extra e sistema especial de travamento das portas.

Os policiais usaram bombas de efeito moral e spray de pimenta na tentativa de conter os envolvidos no ato antidemocrático, sem sucesso. Há suspeita de conivência das forças de Segurança do Distrito Federal, governado pelo bolsonarista Ibaneis Rocha (MDB), nas ações terroristas deste domingo.

Intervenção

O presidente Lula, que passou o dia em Araraquara, no Interior paulista, cidade castigada pelas fortes chuvas dos últimos dias, decretou intervenção federal no DF. Ele nomeou Ricardo Garcia Cappelli, braço direito do ministro da Justiça, Flávio Dino, como novo responsável pela segurança pública na capital federal. Cappelli é secretário-executivo do Ministério da Justiça.

Lula disse que terroristas serão encontrados e punidos. Cerca de 200 vândalos golpistas haviam sido detidos até o fechamento desta reportagem.

Vice-presidente da República e ex-governador de São Paulo, o também ministro Geraldo Alckmin (Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços), disse que a intervenção decretada pelo presidente dará início à necessária apuração das responsabilidades criminais. “A barbárie de hoje é efeito direto da irresponsabilidade de todos que apoiam, financiam ou se omitem diante de atos antidemocráticos. Que sejam, na forma da lei, punidos em nome da República e da democracia, covardemente atingidas mais uma vez”, declarou.

Atualização: nos primeiros minutos desta segunda-feira (09), o ministro Alexandre de Moraes, do STF, determinou o afastamento, por 90 dias, do governador do DF, Ibaneis Rocha.

(Foto: Agência Brasil/EBC)

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