A situação das prefeituras do ABC é delicada. O prefeito de São Bernardo, Orlando Morando (PSDB), disse que muito mais do que imaginava “quando estava do lado de fora”. “Ouvia falar que era difícil por conta da crise econômica, mas constatei que a coisa é muito mais complicada”, comentou.
Morando se deparou em seu primeiro dia de expediente no Paço com falta de energia elétrica, que fez com que descobrissem que o gerador não estava funcionando por falta de manutenção. Para completar, ele chegou a comentar que levou um aparelho telefônico de casa para seu gabinete.
Em São Caetano, também alegaram que faltava telefone quando a equipe de José Auricchio Júnior (PSDB) chegou para trabalhar. Mas, durante a posse da secretária de Saúde, Regina Maura, como presidente da FUMUSA (Fundação Municipal de Saúde), nesta terça (03), o prefeito afirmou que o que mais o preocupa é o restabelecimento dos serviços do setor.
Primeira-dama no mercado
Paulo Serra (PSDB), prefeito de Santo André, foi mais além. “Não gosto de ficar falando, mas faltam as coisas mais básicas. Para uma prefeitura do porte da nossa, é uma situação que constrange”, disparou.
Para se ter uma ideia, uma força tarefa foi montada para a compra de papel higiênico, café, água, toner para impressoras e pilhas para controles remotos, entre outros itens, para abastecer os andares do prédio do Paço Municipal. A “missão supermercado” coube à primeira-dama, Ana Carolina Serra.
O prefeito revelou que encontrou a cidade com R$ 300 mil reais em caixa e uma dívida de R$ 306 milhões (restos a pagar). O valor pode aumentar, pois contratos ainda estão sendo revisados (há empresas sem receber há 14 meses, comprometendo serviços como limpeza pública, manutenção de parques, praças e jardins e fornecimento de merenda escolar). Outros R$ 139 milhões depositados já estão empenhados (recursos carimbados, portanto, com destino pré-definido). Estima-se que o orçamento municipal, de R$ 3,2 bilhões, sofrerá contingenciamento por ter sido superfaturado.
Serra anunciou o congelamento, até março, do pagamento de serviços prestados até dezembro de 2016. Passados 90 dias, pretende fazer acordos, visando descontos e parcelamentos. “Provavelmente, passaremos quatro anos quitando dívidas. A Prefeitura não vinha pagando Eletropaulo (o fornecimento de energia elétrica chegou a ser cortado, assim como telefone e internet) e medicamentos. Mas em fevereiro já quero honrar os serviços prestados a partir agora de janeiro, recuperando a capacidade de pagamento da cidade.”
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