Taka venceu Filippi por 52% a 47%; Atila, com 45%, foi derrotado pelo prefeito reeleito Marcelo Oliveira, 54%
Berço histórico do PT, onde o Partido dos Trabalhadores fez seu primeiro prefeito no Brasil, Diadema imprimiu neste domingo (27) uma importante derrota para a legenda do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que apoiava a reeleição de José de Filippi Júnior. O atual prefeito, que tentava um histórico quinto mandato, perdeu para Taka Yamauchi (MDB), por 52,59% a 47,41%.
Taka manteve a tradição de que, geralmente, o candidato que passa para o segundo turno na liderança vence a eleição. A máxima prevaleceu também em Mauá, onde a eleição foi vencida pelo atual prefeito Marcelo Oliveira (PT). O deputado estadual e ex-prefeito Atila Jacomussi (União Brasil), cuja candidatura foi anulada e ele concorreu sob judice, não conseguiu impor uma virada e terminou derrotado por 54,05% a 45,95%.
Diante deste cenário, o PT terá seu espaço no ABC Paulista, simbólico para o movimento sindical, reduzido a apenas um município partir de 2025 – na eleição de 2020, das sete cidades, conseguiu eleger apenas os prefeitos de Diadema e Mauá – à exceção de São Caetano do Sul, todos os municípios da região já tiveram petistas à frente do Executivo. Em 1982, o metalúrgico e líder sindical Gilson Menezes (1949-2020) conquistou pela primeira vez uma prefeitura para os petistas, justamente a de Diadema.
Diadema
Engenheiro e empresário, Taka Yamauchi, de 46 anos, chega à Prefeitura após ser derrotado em 2016 e 2020 em Diadema. Há quatro anos, conseguiu passar para o segundo turno e perdeu a eleição para Filippi por uma diferença de apenas 2,65% – 51,35% (106.849 votos) a 48,65 (101.231 votos).
De viés bolsonarista e crítico da atual gestão diademense, Taka foi presidente da SP Obras durante a gestão de Ricardo Nunes (MDB), na Prefeitura de São Paulo (entre 2023 e 2024). Polêmica, sua atuação na empresa pública, vinculada à Secretaria Municipal de Infraestrutura Urbana e Obras, é alvo de investigação do Tribunal de Contas do Município (TCM).
Neste segundo turno, ele teve o apoio do governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), assim como Nunes, que se reelegeu prefeito da Capital com 59,38% dos votos válidos contra 40,62% de Guilherme Boulos (PSOL). Taka recebeu 116.003 votos, enquanto Filippi teve 104.556.
Diadema registrou uma abstenção de 29,85% – 101.592 eleitores deixaram de comparecer às urnas -, índice 4% maior que no primeiro turno desta eleição. Os votos em branco foram 6.581 (2,76%) e nulos 11.641 (4,88%).
Mauá
Após uma disputa acirrada, repleta ofensas e acusações, Marcelo Oliveira, de 52 anos, assegurou a continuidade de seu governo numa reedição do segundo turno de 2020, quando também enfrentou Atila Jacomussi, ex-prefeito preso duas vezes e que, devido à rejeição de suas contas pelo TCE-SP (Tribunal de Contas do Estado de São Paulo) e pela Câmara Municipal, estava concorrendo sob judice. Mauá será a única cidade administrada pelo PT na Grande São Paulo a partir do próximo ano.
Chamado por Atila de “prefeito home office”, por só ter resolvido aparecer para trabalhar no ano da eleição, segundo o adversário, Marcelo Oliveira ocupou o cargo de vereador por dois mandatos antes de ser prefeito de Mauá, cidade onde nasceu. Também assumiu a presidência da Câmara.
Ex-metalúrgico, o petista foi diretor-executivo da Federação dos Sindicatos de Metalúrgicos da CUT (Central Única dos Trabalhadores) em São Paulo e contava com o apoio declarado, além do presidente do Lula, do vice Geraldo Alckmin (PSB). No 1º turno, já havia terminado na liderança com 45,13% dos votos válidos, enquanto Atila teve 35,56%.
O prefeito reeleito recebeu agora 102.115 votos (54,05%) e Atila somou 86.817 votos (45,95%). A abstenção chegou a marca dos 30,56% (97.318 ausentes), bem acima da média nacional do primeiro turno (21,71%), do registrado na cidade no último dia 06 de outubro (24,13%) e similar a que a cidade de São Paulo registrou em 2020 (30,81%), em plena pandemia do coronavírus – neste ano na Capital foram 31,54% de ausentes (2.726.970 eleitores).
Mauá registrou 21.906 votos nulos (9,91%) e 10.281 em branco (4,65%) neste segundo turno.
São Bernardo
Outra cidade do ABC onde teve segundo turno neste domingo, São Bernardo do Campo elegeu Marcelo Lima (Podemos) prefeito com 55,74% dos votos válidos (205.831). Ele derrotou Alex Manente (Cidadania), que teve 44,26% (163.429), conforme apontavam as pesquisas.
São Bernardo é reduto de Lula, onde o presidente ainda atuou como metalúrgico e sindicalista, e ainda vota. Ele apoiou o deputado estadual Luiz Fernando Teixeira (PT), que terminou o primeiro turno em terceiro lugar, com 23,11% dos votos. Marcelo Lima teve 28,64% contra 26,53% de Alex Manente.
Formado em gestão pública, Marcelo Lima, de 41 anos, iniciou sua carreira política como vereador em 2008, sendo reeleito em 2012. Assumiu como vice-prefeito em 2017, foi reeleito em 2020, mas deixou o cargo para concorrer a deputado federal. Foi eleito em 2022, porém, teve seu mandato cassado por infidelidade partidária.
Quatro vezes candidato a prefeito de São Bernardo, desta vez, Manente se aliou ao PL, que indicou seu candidato a vice, o bolsonarista Paulo Eduardo, popularmente conhecido como Paulo Chuchu. O PT, então, decidiu manter-se neutro neste segundo turno, alegando ainda posicionamentos políticos e idelógicos recentes do candidato do Cidadania e divergências com a atual gestão municipal.
A vice-prefeita eleita com Marcelo Lima é a sargento da Polícia Militar Jessica Cormick (Avante). Elevadíssima, a taxa de abstenção na cidade, maior colégio eleitoral da região, bateu os 32,30%.
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